Crise:
estado de manifestação aguda ou agravamento de doença física, mental ou
emocional; manifestação repentina de um
sentimento. (Houaiss – língua portuguesa).
Sinto
que vivo um momento de crise pessoal!
Questionamentos,
dúvidas, anseios, desejos e sonhos adormecidos, inquietam-me nas últimas
semanas com insistência irritante e responsável pela alteração no meu humor e
paciência. Porém, esse incômodo é acalentado pela certeza de que toda crise nos
faz renascer.
Já
adquiri novo ímpeto algumas vezes durante esses 33 anos, isso porque, em
determinados momentos desta minha curta existência, alguns aspectos da minha
vida deixaram de estar em perfeito equilíbrio. Algo foi capaz de tirar minha
tranquilidade e inquietar minha alma, da mesma maneira que acontece agora.
Porém,
foi nestas ocasiões que busquei freneticamente a antiga “perfeição”, superei a
crise e renasci.
A
fase crítica que vivo agora acontece por conta da ânsia incontrolável de
retomar minha formação acadêmica e me envolver intensamente com a profissão que
escolhi.
Aqueles
que me conhecem intimamente ou que acompanham este blog, perguntarão o que está
acontecendo se a meses atrás, dividia com todos a satisfação e a realização
imensa de ser “apenas” mãe? Não sei!
Talvez
seja a natural necessidade humana de sempre buscar algo novo quando certas
conquistas já satisfizeram bastante o ser.
Engravidei,
gerei, amamentei e vi meu filho aprender a andar, falar, deixar as fraldas,
superar os primeiros dias de aula, viajar sozinho e agora passo a me acostumar
com o fato de que ele é uma pessoinha com opiniões e desejos próprios e que não
sou mais o centro de suas atenções. Já minha pequena princesa, acabou de deixar
as fraldas. Mas, já sei o que virá e, quando ela, também, estiver prestes a
completar doze anos, não desejará mas meus beijos e abraços em público e minha
companhia agradará infinitamente menos do que a de suas amigas.
Resumindo:
precisará de minha presença constante tanto quanto meu filho precisa hoje.
Quase nada!
Considero
que esse seja o motivo que me leva a desejar ardentemente o retorno ao trabalho
fora do ambiente doméstico.
Porém,
meu querer não é compreendido por quem deveria estar ao meu lado de maneira
incondicional, percebendo e aceitando que o importante não é o fato das
semelhanças, anseios e sonhos combinarem, mas as diferenças serem superadas em
nome da satisfação e do brilho nos olhos do outro.
O
belo de uma união é um perceber e entender que as necessidades, emoções,
motivos, buscas e satisfações do outro são diferentes, mas não menos importantes.
Parece-me,
neste momento da minha caminhada, que o estopim desta crise resume-se ao
julgar, sem notar, perceber ou sentir. Mais uma vez aprendo: Quanto menos
julgarmos e buscarmos compreender, melhor!
Luciana
Colaboradora deste blog, gente normal. Mais crônicas da normalidade AQUI
13 comentários:
Parabêns o texto em forma de crônica foi bem profundo, e apresenta um grande sentimento de leveza em sua inspiração.
www.vivendoteologia.blogspot.com
Já pra mim demonstra uma clareza, uma transparência e até uma certa dor.
As encruzilhadas são, na maioria das vezes, apenas oportunidades de rumarmos para o Caminho que Deus quer, mas o que fazer quando no fim desse caminho existe alguém, além de Deus, que lhe diz; 'não quero que vá por aqui'...
Algumas vezes que me senti assim, deixei O Vento me levar, fui guiado para os braços Dele, mas nem sempre tive sorrisos ao meu redor, e quase sempre sofri por não ceder.
A vida é uma sucessão de escolhas?
Sim, ela TAMBÉM é isso!
O Caminho certo é Deus quem guia?
Sim, Ele está sempre no final (e no percurso) do caminho certo.
Mas e se desagradar aos meus semelhantes?
Se eles (ou ele) me olhar com olhar duro e de crítica?
Existem SEMPRE no meio do caminho para o Alvo, pedrinhas que nos lembram de quem somos, ou rochas que nos fazem desviar desse caminho.
Resta sempre saber qual pisarei e qual desviarei!
O texto é lindíssimo Dri, sentimentos aflorados como sempre!
parabéns à Luciana!
Dri e Lu
Nesse sentido, a crise - fatalmente importante e necessária - reside na desconstrução/reconstrução daquilo que nós mesmas, as super mães, sabemos que é também mais que importante e necessária. Para ambos. Pois, de criaturinhas vulneráveis e dependentes do zelo e dos limites, nossos filhos passam a ser donos de sua própria capacidade de ser, mesmo que continuemos sendo suas mães. E isso não tem uma data fixa, não é de súbito. É algo gradativo e só mesmo a maestria de uma mãe para perceber essas mudanças sutis.
Trata-se do segundo corte umbilical, sendo este bem mais complexo posto que centrado em emoções, convicções e sentimentos firmados no curso de uma nova vida que se formou.
Paralelo a isso surge a antiga consciência de que temos nossos próprios anseios, pois antes de assumirmos essa responsabilidade conferida por Deus, temos a nossa individualidade. E é a partir dessa nossa individualidade que somos postas à prova em relação à nossa capacidade de amar. Sim, porque amar é estar presente mas também inclui saber sair à francesa nos momentos adequados.
Por outro lado, as constatações diárias de que não somos donos de nossos filhos deveriam nos levar a esse desapego natural e gradativo, porém os desgastes relacionais teimam em travar esse processo natural. Daí as crises...
Enfim, ser mãe é um exercício que leva a vida inteirinha, ainda que os filhos sejam marmanjões pais de família. E aí... As crises são outras... (Euzinha que o diga rss)
Muito bom texto, certamente todas as mães se viram em algum lugar dele.
bjs
R.
Danilo, muito obrigada!
Escrevi esse texto sozinha no meu quarto, apenas com a luz de uma luminária ao lado da minha cama. Fui e me deixei ser sentimento puro.
Um abraço,
Luciana.
Oi Wendel!
De fato há dor em meu texto!
Dor proveniente da dúvida, das incertezas, do medo de fazer escolhas indevidas e da sensação angustiante de me sentir sozinha, por vezes!
Seu comentário é acalento!
Obrigada,
Luciana.
É tão bom saber que estamos cercados de pessoas normais e não de super-crentes!
De uma certa maneira, eu bem que poderia ser o autor deste post!
Valeu pelo "desabafo". Utilmamente ando fazendo muito isso em blog...
faço minhas a palavra do joão. você é o espelho de todos nós. que você encontre sabedoria e calma para sair da crise melhor do que era.
abraços
João, estou rindo por conta da expressão "super-crentes".
É sou normal, mas isso tem enormes desvantagens, como por exemplo, ficar em crise!!!
Um abraço,
Luciana.
Ah, Regina!
Como sempre suas palavras são sábias e fazem mais simples, normal e inevitável o momento que vivo agora!
Obrigada por apresentar nova visão para um "problema" que vem consumindo minha paz e meu equilibrio emocional.
Forte abraço,
Luciana.
Eis o dilema: a quem devo agradar? Se faço a minha vontade, desagrado a outro. Se faço a vontade do outro firo-me a mim mesmo.
Cresci em espírito quando resolvi dedicar-me para o bem dos outros.
Lu, seu texto é incrível, demonstra a sua humanidade e conflitos, meditações e muito bom senso de sua parte. Sugiro que converse claramente, sinceramente, diretamente e sem rodeios com quem não a está entendendo. Homens são lógicos, entendem quando as coisas são postas na mesa de forma objetiva e clara. Abra-se sinceramente e serás entendida. Forte abraço na graça e no amor de Jesus.
Oi Claudio! Como vai?
Você tem toda razão quando diz que os homens são lógicos.
Neste texto refiro-me a "falta" de compreensão do meu marido, grande companheiro, mas engenheiro civil, acostumadíssimo com a lógica da matemática e eu envolta com minhas leituras e escrita de textos, puramente inserida no mundo das humanidades e para piorar um pouco o quadro, sou mulher!
Já viu a confusão???
Seu conselho é sábio!
Muito obrigada por tudo,
Luciana.
Lu, você já deve ter lido, mas se não leu, leia: "O feijão e o sonho". Paz e bem.
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