segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

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O DESIGREJADO


Igreja é mais uma ambiência social. É um lugar onde pessoas se encontram com uma finalidade transcendental, que se sustenta na experiência humana afetiva correlacionada e compartilhada. Não é casa de Deus, de fato, uma minoria afirma que o é, mas a maioria dos igrejeiros sabe que o Deus da fé dela, não habita em templos. Por outro lado, muita gente diz que tem fé em Deus, mas nunca pisou numa igreja e nunca se inclinou aos dogmas e ao labor teológico. São pessoas que dizem que têm fé, mas vivem conforme sua consciência (ainda que influenciada pela cultura sócio-religiosa), quando na melhor da perspectiva, “não fazendo a ninguém aquilo que ela não gostaria que alguém fizesse a ela”.

Durante muito tempo existia o crente e o desviado. Quem estava dentro da igreja era crente, quem caia fora era desviado. Mas não bastava apenas estar dentro da igreja para ser crente, teria que seguir a risca os mandamentos locais, já, quem estivesse fora do aprisco, não tinha meias palavras, era do mundo. Não ser membro de uma igreja, era sinal de deficiência espiritual, que convertia a pessoa numa leprosa moral. O melhor dos antídotos da manutenção da boa fé da cristandade era o de se afastar dos infectados pelo mundo. Ainda é assim, mas esta visão vai mudando aos poucos.

Começa-se então a mudar a visão reducionista dos chamados “filhos”. Filhos de Deus eram apenas os crentes que se ensamblassem nos padrões da igreja institucional. Uma minoria, com grande medo de estar pecando, já encara a ideia de que ser “filho”, não é ser dogmatizado pelo Cristianismo: “um índio não-cristianizado pode ser seu ‘irmão’”. Já aceitam que “não precisa ser cristão para ser cristão”, o que equivale dizer: “não precisa ser cristão-catequizado para ser um filho de Deus”. Desta forma, a mesma lógica predomina-se na ideia de “comunidade da fé”, onde o próprio seio familiar ou grupo de amigos pode ser esta comunidade (igreja). Em hipótese alguma, esta compreensão e realidade podem comprometer a igreja convencional, pois como disse no início, a igreja é uma ambiência social poderosa, com capacidade de influência, para o bem e para o mal. É ótima contra o tédio, solidão e tudo mais com o que o ser humano se aflige, mesmo a despeito de ser, também, uma grande fábrica de alienados, infelizes, desesperados e bitolados.

Desigrejado é o termo usado para quem decide seguir “carreira solo” em detrimento da membresia e convivência institucional, mas isso perde o seu significado, etimologicamente, quando o mesmo se considera igreja como um estilo de vida, ideia subvencionada pelas próprias Escrituras. Um “igrejado” no seu meio social, onde ele delimita seus vínculos (família, escola, trabalho e etc) ou vai se deparando com eles na jornada de sua vida, tendo como dogma, o afeto vital para a boa convivência e préstimos. Desigrejado virou uma designação para quem se afasta da igreja convencional, sendo que, na real, desigrejado é o indivíduo que se afasta do espírito afável e doce que lhe é proposto todos os dias, em função de uma mente corrompida e um coração abjeto. Por conseguinte, na igreja convencional, está cheio de desigrejados, assim como em qualquer perímetro social deste mundo.

Vale dizer que muitos já não engolem os esforços intelectuais para convencer de que a igreja convencional cristã é o único ambiente que comporta os “trigos”, com seus joios indissociáveis, o que equivale a dizer que o tal celeiro não é patrimônio da religião abraâmica. A igreja institucional, já que existe, deveria ser apenas um megafone de amor, não para angariar seres humanos, mas para prezar pela vida e pelo seu bem-estar e aqui me faço valer dos princípios da revolução francesa, princípios que dariam nobres matizes a ela: Liberté, Egalité, Fraternité. A igreja convencional poderia e pode ser salva quando ela deixa de ser meretriz para acolher meretrizes, deixa de ser doentia quando consola os doentes, deixa de ser um cárcere quando visita os encarcerados, deixa de ser miserável quando abraça os miseráveis. Ela seria uma ambiência social incrível, mas nunca exclusiva, pois nada se torna exclusivo por ser bom e caridoso. Nada ganha concessão divina para representar Deus na Terra ou ainda, poder de falar em nome de Deus, por ser humana e misericordiosa. Não acredite nisso, não acredite que só na igreja convencional o bem é encarnando e compartilhado, pois isso é apenas mais uma falácia dos santos do pau oco. Um cardume abissal pode ser mais interessante.

Estou fora da igreja convencional há alguns anos. Longe. Pretendo nunca mais voltar. Tenho asco de sua perversão e tenho a plena consciência de que ela é uma construção hegemônica do ser humano por entender que o reino de Jesus poderia ser pavimentado, sistematizado e ilhado. Contudo, defendo o direito dela existir, mesmo que ela não seja um projeto, especificamente, engendrado por Cristo, mesmo que ela não tenha sido o XBox esperado pelo menino Jesus. Até a recomendo para algumas pessoas. Acredito que ela pode servir a Cristo e ser luz no mundo, praticando a justiça do bem. Minha igreja é minha família e meus amigos. Isso se estende no projeto que desenvolvo, onde sigo meu caminho me deparando com o assombro da presença Dele nas curvas e nos soslaios da cotidianidade. Uma chuva pode ser o ministério do louvor, um sorriso de esperança de uma criança abusada pode ser a melhor pregação. Minhas frustrações já não são demônios a serem escalpelados pelo suor pentecostal e minhas alegrias já não são testemunhos para angariar fiéis.

O corpo de Cristo é formado por gente e todo formato que surge como consequência de desdobramentos históricos e que ergue corpo, forma, sistema, controle, tradição e política, deve subsistir sob o pacto de valer a pena em favor do bem. É fazer valer para o bem, o monstro de laboratório. O que está em expansão não é a classe desigrejada, e sim a autonomia da igreja; do templo feito de carne. Autonomia esta, não em relação ao espírito do evangelho, mas em relacão a um tipo de ambiência. É a era do desvínculo daqueles que seguem a Cristo longe da igreja convencional sem se deixar de ser igreja. Esses seguem no seu caminho, flertando com tudo que faz o bem no seu percurso de vida. Religião é inerente ao Homem, pois religião, segundo São Tiago, é a compaixão na práxis; um estado de espírito que gera atos ínfimos quando ao mesmo tempo, gigantes. Agora pertencer a instituição que se apropria da fé, não é inerência, é sedução em grande escala e na melhor das hipóteses, é uma escolha para participar de uma ambiência social conveniente.

Tudo bem, podem me chamar de desigrejado, mas "há controvérsia" e que também não tirará o meu sono do meu berço nômade, nas trincheiras donde a vida acontece, em sua crueza, nueza, e beleza.

Texto (não) recomendado aos verdes.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

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Papo de Gente Grande
Por Fausto Castello




É curioso como a maioria de nós prefere ser existencialmente infantil por toda a vida. Claro que falo por mim também, embora hoje eu talvez já seja um “toddler”: gradualmente deixando de engatinhar e aprendendo a caminhar. Mas convenhamos: a opção pelo infantilismo existencial é compreensível. Afinal, é psicologicamente confortável e emocionalmente conveniente: criança não te...m de assumir responsabilidades de adulto nem arcar com eventuais consequências negativas.



Pois bem, quando sou esse adulto infantilizado, se as coisas dão certo para mim em qualquer área da vida, sempre me autoglorifico de algum modo: atribuo meu sucesso à minha inteligência, à minha sagacidade, à minha crença religiosa, à minha fidelidade financeira ao clube religioso a que pertenço, à minha membresia num grupo elitizado de influentes e poderosos, ao meu “santo forte”, à minha merecida boa sorte, etc.



Agindo assim, estou também bradando aos seres inferiores que não conquistaram aquele sensacional, incrível, fantástico e superlegal seja-lá-o-que-for que eu conquistei: “Eu sou melhor do que você, seu fracassado! Eu fiz por merecer!”



Na verdade, ao alardear – com ou sem palavras – qualquer dessas coisas, estou apenas vaidosamente atraindo os holofotes em minha direção.



Um vaidoso bem-sucedido sempre se torna um arrogante insuportável.



Quando, por outro lado, as coisas dão errado em qualquer área da vida, sempre tento me eximir de qualquer responsabilidade pelo ocorrido. E como eu não sou o responsável pelo que houve, é óbvio que se houver consequências negativas, eu não tenho nada a ver com isso. Contudo, se aconteceu, tem de haver um culpado e ele terá de pagar por isso. Então trato logo de procurar, achar, prender, julgar e condenar o culpado adequado à situação:



Pode ter sido o meu chefe burro e insensível, que deu a outro a promoção que eu merecia; o povo da cidade em que moro, que é provinciano e de mentalidade tacanha demais; os meus pais, que foram tão superprotetores ou tão rígidos ou tão permissivos que hoje sou um adulto inseguro, acomodado e amargurado; os meus professores, que não se dedicaram o suficiente para que eu me tornasse o gênio que poderia ser; os meus líderes religiosos, que infundiram em mim um medo atroz de uma divindade implacável para com pecadores como eu; a minha sogra maldosa, com suas contínuas indiretas sobre como sua filha estaria mais bem casada com um cara que tivesse um saldo bancário com muito mais dígitos (e “azul da cor do mar”, é claro). Mas eu não tive culpa.



Pode ser também culpa do pneu do meu carro, que furou justamente quando eu estava a caminho de uma imperdível entrevista de emprego; o HD do meu computador, que queimou e mandou pro espaço dois meses de meu árduo trabalho; aquele cara irresponsável que falava ao celular enquanto dirigia seu carrão e bateu violentamente no meu, que não tinha seguro, me deixando a pé por dois anos. Mas eu não tive culpa.



Ou talvez seja a vida, que tem sido mais dura do que posso suportar; a sociedade, que é um conjunto de desgraças em que não consigo encontrar meu lugar; o mundo, que sempre me maltrata em sua perversidade diabólica; o diabo, que sempre interfere e sabota todos os meus planos (aliás, por que Deus deixa, se sabe que vou me dar mal?); Deus, que, por meio de um porta-voz humano (um pastor, bispo, padre, mentor, profeta, cartomante, etc.) ou de um sinal (um versículo bíblico, uma visão, um sonho, uma premonição, um relâmpago cor de rosa, etc.) me prometeu “aquela bênção especial” que nunca chegou (aliás, será que ele pelo menos se lembra de que eu existo?), etc. Mas eu não tive culpa.



A lista é praticamente sem fim. A canção da hora é a antiga “Eu sou rebelde porque o mundo quis assim / Porque nunca me trataram com amor / E as pessoas se fecharam para mim...” Mas eu não tive culpa.



Ou seja, quase sempre, quando uso qualquer argumento assim para tentar justificar meu insucesso seja em que área da vida for, no fundo o que estou dizendo é: “OK, eu fracassei nisso, mas não tenho culpa nenhuma! A culpa é... [complete você mesmo]”. Isso é um claro indicador de algumas outras afirmações que também estou fazendo. Alguns exemplos:



– Eu não quero abrir mão do direito à preguiça existencial, pois não estou a fim de me curar da “síndrome de Peter Pan”. Deixem minha infantilidade em paz! Afinal, a vida é minha; vivo-a como quiser. Dizem que crescer dói mesmo, e muito; dizem também que compensa, e muito; mas quem disse que quero?



– Eu não quero crescer, me tornar adulto e ter de assumir as responsabilidades e consequências que, então, me caberão. Dá muito trabalho. É muito mais cômodo responsabilizar outros sempre que algo der errado comigo e muito mais agradável massagear meu próprio ego e me achar o máximo sempre que algo der certo.



– Eu não quero enxergar que vivemos num mundo decaído, longe de qualquer perfeição, em que estamos TODOS, sem exceção, sujeitos a qualquer coisa que se possa chamar de “mal” – uma falência avassaladora, um câncer maligno, a morte de uma pessoa amada, etc. – tanto quanto estamos diante da possibilidade de ser contemplados com qualquer coisa que se pode chamar de “bem” – o emprego e o salário dos meus sonhos, um cônjuge lindo por fora e por dentro, uma megarrenda que me permita viver como magnata, etc.



Em suma, não consigo admitir a realidade nua e crua: nesta vida, TUDO pode acontecer. Nem ninguém está “blindado” contra o mal pela vida inteira, nem ninguém nasceu pra ser o “Zé do Azar” pela vida inteira. Essa constatação de modo algum implica falta de fé, mas apenas senso de realidade. A vida aqui é como é, e pronto.



Portanto, é bobagem pensar que sou sempre a vítima de algum complô armado pela vida contra mim. Não, o mundo não gravita em torno de minha humilde pessoa. Na verdade, quase nunca há nada de pessoal contra mim quando algo dá errado. Não há, obrigatoriamente, uma conspiração generalizada contra o meu sucesso.



Se, por exemplo, o HD do meu laptop fritou e me fez perder trabalho e dinheiro, talvez eu tenha deixado o laptop sem manutenção alguma, apesar dos muitos “beeps” de alerta que ele emitiu, até acontecer o pior. A responsabilidade pelo descaso foi minha; não foi o tinhoso que provocou um pico de energia na rede elétrica.



Se já tenho mais de duas ou três décadas de vida e continuo inseguro, amargurado e ressentido com relação a meus pais, professores, autoridades eclesiásticas, Deus, o mundo, a vida, etc., o modo como vou lidar com a insegurança, a amargura e o ressentimento é de minha responsabilidade: conforme eu os tratar, ou serão tigres ameaçadores ou serão filhotinhos engraçadinhos de gato siamês – a decisão é minha, não dos fantasmas “superegoicos” do meu passado.



Se perdi aquela promoção ou aquele emprego dos meus sonhos, talvez eu não tenha me dedicado ou me preparado o suficiente. A responsabilidade por não ter me preparado melhor ou não ter me dedicado o bastante foi minha; não fui preterido sem motivo ou por causa de alguma armação. E por aí vai.



É claro que às vezes me dou mal porque existe, objetivamente, alguma trama, algum esquema, alguma armadilha preparada contra mim. Pode vir de algum desafeto meu – um colega de trabalho invejoso, por exemplo. Pode ser apenas porque eu estava no lugar e hora errados – “obra do tempo e do acaso”, como diz o sábio Rei Salomão. Ou, para quem, como eu, crê na realidade das dimensões sobrenaturais, pode ser o caso de forças malignas operarem contra mim. Contudo, estou absolutamente convicto de que esses casos são, de longe, a exceção, embora a maioria prefira acreditar que sejam a regra.



Não são. A verdade é que eu é que sou meu pior inimigo. Todavia, tenho o potencial de me tornar o meu melhor amigo. Na verdade, se eu quiser que minha vida nesta terra se torne razoavelmente viável, é isso que devo buscar: reconciliar-me comigo mesmo, sempre. Sem isso, a vida, que já não é fácil do jeito que ocorre neste mundo, ficará infinitamente pior. Ou já não bastam as cargas e pesos que naturalmente carregamos quando nos tornamos existencialmente adultos?



O Único Mestre, Jesus, deu grande importância e ênfase à minha boa e saudável convivência comigo mesmo – até porque posso me afastar de alguém insuportável, mas não posso me afastar de mim mesmo – quando disse, entre outras coisas, “Ame o seu próximo como a você mesmo”. Isso, claro, significa também que se eu não me amar primeiro, não serei capaz de amar mais ninguém, seja o próximo próximo ou o próximo distante. E acredite: não dá para viver sem amor, porque amor e vida são sinônimos tanto quanto ódio e morte o são. Se você quiser saber exatamente como é o inferno, faça apenas duas coisas: nunca ame e odeie sempre.



Entretanto, só consigo perceber, admitir e querer começar a viver a partir dessas verdades básicas se eu desistir de ser Peter Pan e decidir crescer. Enquanto eu continuar a culpar “Deus e o mundo” pelos meus infortúnios, posso até ter 65 anos cronológicos de idade e ter conquistado muita coisa, mas, na verdade, não passo de um bebezão existencial patético, de apenas uns dois aninhos emocionais de idade, usando fraldão geriátrico, choramingando e fazendo birrinha, repetindo “ninguém me ama, ninguém me quer”.



Sinceramente, é muito, mas muito chato ter de conviver com bebês assim. Haja paciência! Eu os encontro todos os dias – e muitas vezes me vejo neles também. Assim, ao mesmo tempo em que desejo que se tornem adultos emocionais – e tento ajudar como puder –, vou procurando corrigir em mim mesmo aquilo que vejo neles e não gosto nem um pouco.



“Idade e maturidade raramente caminham de mãos dadas” é uma das coisas que digo com frequência. Olhe ao redor e verá que tenho razão. Olhe dentro de si mesmo e verá, com mais clareza ainda, que tenho razão. Eu sei disso porque estou, agora mesmo, olhando para dentro de mim.



Vejo muita coisa. Algumas horríveis, outras belas, outras indecifráveis; alguns progressos, alguns retrocessos, algumas aparentes estagnações – mas todas essas coisas eu vejo em processo de amadurecimento, graças a Deus.



“Sei que nada será como antes amanhã” em cada amanhã que ainda vier. A vida tem de ser dinâmica, nunca estática. Assim, com essa verdade enraizada no coração, peço outra vez a Deus que eu nunca deixe de ser “essa metamorfose ambulante” para o Bem o tempo todo, até o último dia de minha vida nesta Terra.

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F. R. Castelo Branco

Sexta-feira, 02/09/11, 18:57

O Buraco - Uma nova maneira de encarar o amor.

sábado, 10 de setembro de 2011

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De repente, me percebo refletindo de uma forma nova. Compreendo homem como um ser completo, no qual não falta parte alguma. Deixo de vê-lo como a "metade" de uma laranja buscando reencontrar a outra "metade", ideia que nos persegue há 25 séculos, desde o mito do Androgino descrito em O Banquete, de Platão. Deixo de pensar no ser humano como uma "panela" que terá que encontrar sua "tampa", caso contrário a infelicidade baterá a porta.
Vejo o homem inteiro, sem o "buraco" - esta cicatriz psíquica derivada do trauma do nascimento.
Os desdobramentos dessa linha de raciocínio são ricos e interessantes, para minha vida, quem sabe podem ser para mais alguém. Primeiro, podemos combater nossos sentimentos de inferioridade, pois eles derivam de uma sensação e não de um fato real. Depois, seremos capazes de preencher o tal "buraco" por nossos próprios meios, sem depender demais de outras pessoas ou de uma relação afetiva em particular. Desaparece a noção de individualismo como algo nocivo; é direito da pessoa buscar sua auto suficiência. Desaparece a noção de solidão como coisa triste e vergonhosa. Ao contrário, é sinal de amadurecimento pessoal ser capaz de ficar consigo mesmo.
O esforço principal do individuo muda de direção. Em vez de buscar o parceiro ideal, com o qual poderia se sentir completo, ele passa a querer se aprimorar para poder atenuar (ou fazer desaparecer) a sensação de incompletude. Afinal, se o "buraco" é sensação e não um fato, nada mais razoável do que tentar se livrar da sensação, em vez de buscar preencher uma falta que só existe na aparência.
E amor como fica? desaparece? Não creio. Pode ser que, daqui a alguns séculos, quando as crianças forem geradas em incubadeiras, as coisas se modifiquem de forma imprevisível. Por ora, acredito que as grandes mudanças vão ocorrer em outras direções. Uma delas é alteração do ideal romantico (judaico-cristão, bíblico) da fusão de duas pessoas em uma só. As ligações amorosas contemporaneas, proprias de quem sabe que terá que resolver sozinho suas inquietações intimas, tenderão a respeitar mais a identidade e a individualidade dos parceiros.
Alias, a ideia de fusão, de total dependência e diluição de um no outro, sempre provocou o medo nas pessoas que vivem intensas paixões.
Esse caminho, o de que "quanto mais junto, melhor" não combina com a constatação de que o amor não deverá ser o único remédio para o nosso "buraco".
A outra mudança deriva exatamente disso. O "buraco" antecede o amor e é o que nos leva a querer tanto uma aliança forte com o outro. Se pensarmos a partir desse enfoque, não teremos razão para sentir raiva do parceiro cada vez que ele não for capaz de o preencher completamente. Sim, pois o amor se torna extremamente exigente, autoritário e possessivo por conta desse objetivo de neutralizar o "Buraco" do outro.
O amor não deverá mais ser visto como um remédio para a incompletude.
O amor como remédio para o "buraco" no trouxe mais problemas que soluções. Quero meu parceiro sempre ao meu lado, do contrário me sinto incompleto. Sempre que ele não agir de acordo com minhas aspirações, sinto o "buraco" e o acuso de não estar sendo companheiro, senão eu não teria a desagradável sensação de incompletude. Para não me decepcionar, ele terá de agir de modo a não permitir essa sensação. Ou seja: terá que me obedecer!. E eu a ele! Isso se transforma numa luta de poder, sem ganhadores. Onde um vai, o outro tem que ir. Senão o "buraco" de ambos reaparece, com  suas devidas acusações reciprocas. Não é  a toa que nossa vida amorosa tem sido tão mal sucedida. Que tal imaginarmos um situação assim: cada um vai para seu lado, cuida do seu "buraco" e libera o parceiro da função de remédio? Ao se encontrarem não terão cobranças, nem ressentimentos. Poderão, finalmente, ser amigos, solidários, companheiros, amantes....



Texto que escrevi em 97.

Ninguém é metade de ninguém.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

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AMOR- (Lia Luft)



A solidão dos homens tem a medida da solidão de suas mulheres. O casal

perfeito seria o que sabe aceitar a solidão inevitável do ser humano, sem

se sentir isolado do parceiro ou sem se isolar dele.

Talvez se possa começar por aí: não correr para o casamento, o

namoro,o amante (não importa) imaginando que agora serão solucionados ou

suavizados todos os problemas como a chatice da casa dos pais, ver as amigas

ou amigos casando e tendo filhos, a mesmice do emprego, chegar sozinho às

festas e sexo difícil e sem afeto.

Não cair nos braços do outro como quem cai na armadilha do "enfim nunca mais

só!", porque aí é que a coisa começa a ferver.

Conviver é enfrentar o pior dos inimigos, o insidioso, o silencioso, o

sempre à espreita, incansável: o tédio, o desencanto, esse inimigo de

dois rostos.

Passada a primeira fase de paixão (desculpem, mas ela passa, o que não

significa tédio nem fim de atração), começamos a amar de outro jeito.

Ou a amar melhor; ou, aí é que começamos a amar. A querer bem; a apreciar;a

respeitar; a valorizar; a mimar; a sentir a falta; a conceder espaço; a

querer que o outro cresça e não fique grudado na gente.

O cotidiano baixa sobre qualquer relação e qualquer vida, com a poeira do

desencanto e do cansaço, do tédio. A conta a pagar, a empregada que não

Veio, alguém na família doente ou problemático, a mãe ou o pai deprimido ou

simplesmente o emprego sem graça e o patrão de mau humor.

E explodimos, queremos morrer, quando cai aquela última gota, pode ser uma

trivialíssima gota - ai nos damos conta: nada mais é como era no começo.

Nada foi como eu esperava. Não sei se quero continuar assim, mas tambémnão

sei o que fazer.

Como não desistimos facilmente porque afinal somos guerreiros ou nem

estaríamos mais aqui, e também porque há os compromissos, a casa, a

grana e até ainda o afeto, é preciso inventar um jeito de recomeçar,

reconstruir. Na verdade devia-se reconstruir todos os dias. Usar da

criatividade

numa relação. O problema é que, quando se fala em criatividade numa relação,

a maioria pensa logo em inovações no sexo, mas transar é o resultado,

não o meio.

Um amigo disse no aniversário de sua mulher uma das coisas mais belas

que ouvi: "Todos os dias de nosso casamento (de uns 40 anos), eu te escolhi

de novo como minha mulher".

Mas primeiro teríamos de nos escolher a nós mesmos diariamente. Ao

menos e vez em quando sentar na cama ao acordar, pensar: como anda a minha

vida?

Quero continuar vivendo assim? Se não quero, o que posso fazer para

melhorar? Quase sempre há coisas a melhorar, e quase sempre podem ser

melhoradas.

Ainda que seja algo bem simples; ainda que seja mais complicado, como

realizar o velho sonho de estudar, de abrir uma loja, de fazer uma viagem,

de mudar de profissão.

Nós nos permitimos muito pouco em matéria de felicidade, alegria, realização

e sobretudo abertura com o outro.

É difícil? É difícil.

É duro? É duro. Cada dia, levantar e escovar os dentes já é um ato heróico,

dizia Hélio Pellegrino.

Viver é um heroísmo, viver bem um amor, mais ainda.

O casal perfeito talvez seja aquele que não desiste de correr atrás do sonho

e da certeza de que, apesar dos pesares, nós, a cada dia, nos escolheríamos

novamente!!!




sem duvida, meu amor, sem duvida

Curada pelo amor.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

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Ouvi de alguém que esta musica deveria se chamar Jesus...


Iluminados

Ivan Lins

O amor tem feito coisas


Que até mesmo Deus duvida

Já curou desenganados

Já fechou tanta ferida



O amor junta os pedaços

Quando um coração se quebra

Mesmo que seja de aço

Mesmo que seja de pedra

Fica tão cicatrizado

Que ninguém diz que é colado



Foi assim que fez em mim

Foi assim que fez em nós

Esse amor iluminado




preciso concordar.

Minha oração de hoje.

terça-feira, 23 de agosto de 2011

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Momento especial

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

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A Força da Minha Vida

Silvia Mendonça/Cíntia Scola


A força da minha vida é o Senhor
De quem me recearei?
Se uma guerra contra mim se levantar
Ainda assim, Nele eu confiarei
O meu coração tem ouvido o
Senhor dizer:
Venha e fale comigo povo meu.
E então, o meu coração responde:
Senhor, estou indo, guia-me por
este caminho estreito
A minha alegria é o Senhor
Que conheceu minha alma e não
me desprezou
Esperando neste Deus, que me
fortalecerá, vencerei até o que for
mais forte do que eu
O meu coração tem ouvido o
Senhor dizer:
- Venha e fale comigo povo meu
E então, o meu coração responde:
- Senhor, estou indo, guia-me por
este estreito caminho que antes
eu nem sequer podia andar, mas
Jesus o tornou largo suficiente
para eu passar


Na voz da Ana D'Araujo

Obrigada Senhor por mais este presente

E Deus criou a Amy

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

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Linda menina, como não entender seus apelos desesperados?

A mesma lagrima e comoção para você e para Jonh Stott....

Só existe hoje

sábado, 30 de julho de 2011

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SÓ EXISTE HOJE
O dia do Deus da Verdade é, para o homem, o Dia Chamado Hoje.
O passado é uma lembrança.
O futuro uma fantasia.
É no Hoje que se pode verdadeiramente viver.
Além disso, o Hoje é a porta da eternidade no tempo.
Eternidade e Tempo se tocam no Momento-Hoje.
O passado é história de memórias feitas palavras, letras ou marcos. E, portanto, pertence ao tempo que deixou de ser tempo e virou recordação.
O futuro é ficção, seja construído pela esperança, pela desesperança, pela indiferença, ou mesmo pela vontade de morrer — entretanto, para o homem, é apenas um sonho, uma fantasia boa ou má. A fantasia é o estelionato do que não sendo tenta passar pelo que é.
O Dia-Hoje é fé. Sim! Ele não é ficção porque É, existe. Ora, a fé é. É Certeza. É convicção. Desse modo, somente a fé serve ao Hoje, pois o Hoje é.
A verdade é.
Deus é espírito.
Deus é.
Por isso, o encontro com Deus é Hoje, pois, o Hoje é o ponto no qual a verdade se manifesta como espírito. O espírito é. Hoje carrega espírito e verdade. Hoje, portanto, é para o homem o único dia passível de ser Dia de Deus.
Sendo Deus o Deus da Verdade, que outra relação poderia ter Ele com os homens senão no Hoje?
Afinal, por mais verdadeiro que o passado tenha sido, já não é. E por mais verdadeiro que um dia o futuro venha a ser [exato em relação ao tempo no qual era sonho no passado] — ainda assim não é nada além de especulação; pois no dia em que se tem tal certeza, o futuro já não futuro, mas presente, e, assim, já terá feito a si mesmo passado em relação a si mesmo antes de virar presente.
Portanto, passado e futuro não são. O passado por ter sido, e o futuro por ainda não ser. E quando for já não será, pois, terá se tornado passado.
O Hoje, portanto, é o único ponto no qual a verdade se manifesta.
Por isso Jesus não aceitou o passado como avalista do Hoje, e nem acatou o futuro como significação do Presente.
Foi por esta razão que Ele falou do passado com “porém” e avistou o futuro com “catástrofe”, e nem por isso deixou de verdadeiramente viver o Hoje sem saudades passadas e sem ilusões futuras.
Quem vive do passado não vive. Recordar não é viver; recordar é ter vivido.
Quem vive do futuro não vive. Projetar poder ser, mas ainda não é...; e, portanto, ainda não é vida, mas apenas uma projeção que pertence à fantasia.
A fé tem passado como esperança para hoje e tem futuro como certeza no agora. Assim, somente na fé — passado e futuro deixam de ser apenas memória e fantasia; pois, a fé atualiza tudo no Hoje, em verdade.
Por essa razão em Jesus não há destino. Afinal, que destino há se a única realidade que é, o é no Hoje?
Na fé o destino é Hoje; e, assim, se destina ao agora.
É por tal razão que para Jesus o significado de tudo está no Hoje.
Hoje é o dia. O único Dia.
O resto não é.
É é Hoje.
Nele, nosso Hoje,
Caio

Uma coisa leva a outra

sexta-feira, 22 de julho de 2011

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A bondade do Eterno me persegue, me encontra e me lembra que estou perdoado.

Perdoado, arrependo-me, expandindo minha consciência sobre mim mesmo e sobre aquEle que me encontrou.

Arrependido, confesso meus pecados.

Confessando, livro-me do pecado e da culpa que gerava pesos desnecessários na alma.

Leve, me conscientizo da Graça que me encontrou.

Consciente da Graça, me responsabilizo e me disponho a servir.

Servindo ao próximo, respondo a este tão grande amor que me encontrou.

Sim, "UMA COISA LEVA A OUTRA" todos os dias, o dia todo, até o fim.

Simples assim.

Vamos conversar sobre isto?

Sim, é o que ocupa o nosso tempo quando nos encontramos

AOS DOMINGOS 18H30.

Nos encontramos como IGREJA no Caminho da Graça Estação São Paulo.



AV. LINS DE VASCONCELOS, 3390 – VILA MARIANA
(a 100 metros da Estação Vila Mariana do Metro )

Todos são bem vindos.



Tomara nos encontremos e ai nos abraçaremos.


Graça, paz & bem.

Carlos Bregantim
 

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