Para os cansados

domingo, 9 de janeiro de 2011


A proposta de Jesus: a falência como alívio!

Vinde a mim todos os cansados e os sobrecarregados, e eu vos aliviarei, disse Jesus.

Ora, a salvação do cansado é Vir, não Ficar. A salvação do cansado é tomar algo, é atender um convite para sair de onde está e encontrar alívio para alma.

Mas como posso ir a algum lugar se eu mesmo não tenho forças para me ajudar?


Interessante isto. Para nós a salvação do cansado é ficar e descansar. Jesus, no entanto, diz que o cansado tem que VIR.

Mas como o cansado andará se está cansado? Não seria muito mais digno de Deus dizer: Todos os cansados fiquem onde estão, que eu vos visitarei?

A questão é que Este que oferece o descanso está ao lado, e Seu convite não é um grito distante, mas uma suplica interior: “Vinde a mim...e achareis descanso. Tomem o jugo, e tereis alívio”.

Assim, o movimento, o Vir, não para fora, mas para dentro!

Todavia, por mais perto que Ele esteja, aquele que precisa da ajuda precisa Vir, tem de se movimentar, necessita escolher e acolher o refúgio.

Afinal, quem descansa no refúgio que não quer estar?

Refúgio forçado é prisão!

“Vinde a mim” é um convite pessoal e propõe um encontro pessoal. “Vinde a mim” equivale a “permaneça em mim, e você terá descanso”.

Todavia, nem por causa disso eu devo ficar onde estou. Eu preciso sair de onde estou em mim a fim de encontrá-Lo como alívio para mim, ainda em mim.

“Permanecer Nele” é “Vir a Ele”. Portanto, é um permanecer em movimento, andando com Ele, deixando-se levar aos pastos verdejantes e às águas tranqüilas, e que não existem em nenhum éden terreno, mas tão somente em paragens interiores.

“Vinde a mim todos...”, diz Jesus.

Que coisa mais linda é ouvi-Lo dizer que Seu atendimento é pessoal, visto que só é para todos, porque é para cada um.

Ele não pergunta pelo tipo de peso ou de carga que nos oprime, apenas aceita que pode ser qualquer coisa, e que Ele mesmo tratará com total pessoalidade qualquer que seja o jugo de agonias que possam estar afligindo a todos, portanto, a cada um individualmente.

Jesus, assim, não classifica angustias, e nem diz que certas agonias são virtuosas e, portanto, passíveis de ajuda, enquanto outras não são.

Jesus não age assim. Assim age a religião!

Não! Não é para um concurso de agonias que Ele nos convida, nem é para um vestibular de angustias; para então, no fim, alguns serem selecionados para receber o alívio e a ajuda. Pois assim como Ele convida a todos, Ele também convida o tudo de todos, sem discriminação.

O critério que seleciona as agonias passiveis de socorro não obedece a q! ualquer juízo moral, ético ou religioso.

Quem pré-seleciona o candidato à ajuda é a Necessidade que faz com que o necessitado perca o senso de auto-critica e de auto-ajuda, e simplesmente diga: “Eu não posso mais”.

Assim, o convite é para quem não pode mais, é para quem cansou tanto que já desistiu, e só não desistiu totalmente porque não sabe como morrer.

Somente os que não sabem como morrer é que podem atender a tal convite, que num certo sentido só se consuma se eu digo: Morri mesmo que ainda exista!

O convite é para quem não sabe nem como morrer. Sim, o convite e é, sobretudo, para esses.

“Vinde a mim todos vós”, diz Jesus. E, assim dizendo, Ele espera que “vós”, nós, eu, cada um, por si mesmo, decida aceitar a ajuda, e Venha a Ele.

Estranho e fascinante. Eu não agüento mais, mas preciso “Vir a Ele”, o que significa fazer o movimento da rendição, da entrega total de toda auto-confiança.

O convite só se efetiva na completa certeza de que em mim mesmo não resta esperança.

O alívio só chega para quem já aprendeu que por si mesmo não chega a nenhum alívio por suas próprias pernas.

O alívio é apenas para os perdidos na impotência!

Maravilhoso e paradoxal!

Ele me diz: “Vem”. Mas eu não consigo dar nem mais um passo...

Assim, é na impossibilidade de me mover que eu me movo para onde está o refúgio.

Eu tenho apenas que dizer que não posso mais, e, no mesmo Instante, paradoxalmente, me movo para Ele, sem ter que sair de lugar nenhum, visto que o lugar sai de mim, pois a opressão é em mim, e o alívio está em mim, mas somente quando em mim mesmo, Venho a Ele.

Quando eu desisto, vou a Ele. Então, descubro que o lugar do alívio não é um lugar, nem mesmo pode ser comparado ou medido como a distância de uma estrada a ser percorrida até chegar a Ele, onde está o descanso.

Não! É justamente por não poder ir, que chego; e é por não agüentar mais, que recebo o poder que me faz agüentar tudo.

“Tomai sobre vós o meu jugo, pois Sou manso e humilde de coração, e achareis descanso para as vossas almas, pois o jugo é suave, e o meu fardo é leve”, explica Jesus.

Ele implora que eu aceite a ajuda Dele. Sim, Ele se mostra manso e humilde, e garante que o peso Dele é leve.

Peso leve. Jugo suave. Tudo isto vem da mansidão e da humildade Dele.

Aquele que me oferece ajuda é forte em Sua mansidão e humildade em Seu coração.

Que coisa linda!

Assim, aprendo que meu sacrifico quanto a receber o alívio, é reconhecer que “não agüento mais”, e é “tomar um peso leve e um jugo suave”, que nada mais é que aceitar a mansidão e a humildade de Deus como meu lugar de refugio.

Sim, onde mais posso descansar senão na humildade de Deus?

Somente um Deus manso e humilde pode aceitar tudo em todos, e a ajudar todos em tudo!

No entanto, eu tenho que “Vir”, fazendo o movimento na Permanência Nele, e que só acontece como impossibilidade de ir a qualquer outro “lugar” que não seja Ele.

Mas quem agüenta se entregar a um Deus tão manso e humilde? Quem aceita que o socorro implica em falência e desistência? Quem deseja para si trocar seu próprio jugo pelo de Outro, por mais que Este que me convide diga que seu peso não pesa?

Para receber o alívio do Deus manso e humilde requer-se do homem um ato de movimento, e a coragem da troca. E pior: demanda desse carente que se declare mais que necessitado. Sim, dele se demanda que declare falência e que se movimente na declaração da impotência, e que seja humilde a fim de aceitar a falência como salvação.

Assim, a fim de me ajudar Jesus diz: Venha. E, assim fazendo, Ele me diz que a salvação é Ele, e que o caminho para ela reside na desistência de qualquer outra salvação que não seja um ato de reconhecimento da minha própria impotência e perdição.

Em Jesus somente os falidos são aliviados. Quem não chegou a esse ponto... onde já não se tem para onde ir...jamais saberá o signific! ado de receber o alívio, visto que ainda é estivador de sua própria potência, e é ainda vítima de seu estado de não falência assumida.

Bem-aventurados os sem força para se mover, pois eles se moverão sem ter que ir a algum lugar, visto que o Lugar-Presença a eles vem. Aliás, implora para ser apenas reconhecido.


4 comentários:

René disse...

Dri,

Jesus costumava fazer e acontecer e, só depois disto, lançava Seus ensinamentos. O Sermão do Monte, por exemplo, não tem seu princípio em Mateus 5.1, mas em Mateus 4.18, onde o Sermão começou a ser construído. Pra Ele, primeiro vinha a prática, depois a teoria. A teoria era uma decorrência da prática, não sua causa.

Lendo este texto, percebi a explosão teórica de toda uma prática experimentada antes. Como se fosse uma Tese de Doutorado fundamentada em um longo estudo vivido na carne, não nascendo da letra.

Esta teoria é a exposição da prática vivida pelo autor e que é a Verdade que Jesus já havia vivido e pregado!

Tudo isto eu vi enquanto lia o texto. Ao final, vi quem o havia escrito: Caio Fábio!

Este homem é muito usado por Deus, caraca!

Lindo e verdadeiro texto, Dri. Você fez muito bem em publicá-lo!

Santos amplexos e muita Paz!

Regina Farias disse...

Dri,

Que texto...

Eu simplesmente viajo em cada palavra, aliás, elas dançam na minha frente, parece uma melodia, vinda diretamente do coração de Jesus para o coração do cansado.

Que coisa linda!

Que proposta maravilhosa, quando a pessoa falir é que ela ganha. Ganha vida em abundância.

E esse tal de Caio, heim?! é um poeta de Deus.:)

Amei!

Rê.

Anônimo disse...

Dri, rendição é tão difícil né? Mas é necessária, abandonar nosso jugo para pegar o jugo de Jesus, eis a resposta para a vida abundante. Beijo.

Thiago Mendes disse...

ei, vc pediu permissão para postar o meu texto, vc pode postar a vontade, pois tudo é nosso em Deus.

graça e paz !

 

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