QUANDO LOST ACABAR, NÃO FIQUE lost

domingo, 9 de maio de 2010


A série está acabando. 
Eu poderia usar um tom mais trágico e melancólico mas não chegará perto da tristeza que já tomou conta de uma boa parcela dos fãs espalhados pelo mundo. 
Faltando 3 episódios, as crises de abstinência já se manifestam. Nos fóruns de discussão é fácil encontrar aquele fã, perdido em emoções, expressando sem medo de ser feliz, seu total apego visceral, alguns não sabem o que farão de suas vidas depois do dia 23, outros revoltados com o rumo que a sexta temporada está tomando, juram ódio eterno aos roteiristas. Outros ainda, na iminência de não serem resolvidos e explicados boa parte dos mistérios, se comprometem a não mais ligar a tv, nunca mais.
Acompanho a série desde o primeiro ano, curto demais os mistérios intrigantes e a mitologia que os acompanha, as referências bibliográficas são excelentes, alguns dos grande filósofos são reverenciados. Tenho a impressão que um certo tipo de leitura foi estimulada. No meu caso, surgiu um interesse sobre física moderna, universos paralelos e teoria das cordas. Assim como um bebê tem suas primeiras experiências sensoriais, sou eu e física moderna: não entendo quase nada mas preciso continuar explorando. 
Os personagens são um capitulo a parte, em sua maioria são bem construídos, com uma humanidade palpável, não há um super-herói irretocável, tão bom que chega a ser chatinho, pelo contrário, são gente comum, com segredos obscuros cheios de dualidades, instáveis, medrosos, homens de fé ou senhores da razão.
Duas atuações, para mim são dignas de nota: Michael Emerson, com Benjamin Linus e Terry O'Quinn com Locke, coisa de gente grande.
Alguns episódios são memoráveis como por exemplo "The Constant", quem sabe um marco para esta categoria de série. Enfim, sou fã mas não sou inocente. Para o bem e para o mal, sou "cria" de Twin Peaks e Arquivo X, realmente não fico esperando desfechos lógicos, aceitáveis e totalmente compreensíveis e se tiver que terminar com casalzinho felizes-para-sempre, fazer o quê, o mundo não vai acabar por isto. O sr David Linch tentou me enlouquecer, contudo é necessário mais do que um final esdrúxulo para conseguir a façanha, portanto Damon Lindelof e Carlton Cuse não terão a honra.
O que sempre me fascinou foi o desenrolar da estória dos personagens, principalmente aqueles que passaram por um tipo de redenção, ou seja, o cara vem em uma toada de erros, vida torta, problemas familiares e até vida de crimes, então em uma realidade paralela (ou não, afinal é apenas uma teoria/especulação) ele tem a oportunidade e condição de viver de outra forma. Os enlaces amorosos podem se realizar, as famílias se ajustam, os criminosos são resgatados. Não existe um "mar de rosas" contudo as construções que geram morte estão controladas.
Quem um dia não se cansou de ser o que é? Quem um dia não idealizou um realidade diferente, onde a vida toma outro rumo? Existem varias formas de transformar condutas, o cara mau, pode se transformar no cara bonzinho, mas isso não é suficiente para aquele que concluiu que a transformação que mexe na raiz só vem com a morte. 
Falo da morte do que se é, afim de nascer para o que eu chamo de projeto inicial. Este processo não se dá pela vontade de querer fazer tudo diferente, mas pela minha compreensão em fé de que estou imersa em outra realidade: a realidade da vida em Cristo. A metanoia é a consequência. Não somos transformados em anjos, criaturas cativas da falta de opção, mas filhos que agem a semelhança do pai. O resgate do ser humano é a mais fascinante das obras, inigualável em amor e cuidado. 
E isto não é ficção.

ah, desculpe se falei "grego" e você nem gosta de Lost, muito menos de fisica moderna, espero que possa "reter o que é bom" (I Ts 5:21):
Você é alvo do maior projeto jamais pensado por homem e sim idealizado, realizado pelo próprio Deus.... 

2 comentários:

Anônimo disse...

Eu já parei de seguir o Lost a algum tempo, nem sabia que já estava no final. Acho que vou procurar me informar sobre ele agora. A física quântica na qual sou ignorante, dizem ser importante demais para ficarmos na ignorância. Você está no caminho certo.

Avelar Jr. disse...

Adriana,

Ótimo texto o seu, viu?

Fiquei fã de ler sobre LOST com filosofia, cristainismo e vida. Creio que talvez por mexer com as emoções, a curiosidade, o conhecimento e a fé de tantas pessoas, como o fez Matrix, a série conseguiu ser o sucesso avassalador que é.

Estive pensando em abordar novamente algo de LOST com uma perspectiva cristã no meu blog. É sempre bom ver um ponto de vista diferente sobre algo tão legal quanto a série.

Grande abraço!

www.nao-obrigado.blogspot.com

 

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