Do ordinário ao sagrado

domingo, 20 de junho de 2010


Ricardo Gondim

É preciso aprender a nadar entre as margens do bem e do mal, do ódio e do amor, da delicadeza e da estupidez. É preciso aprender a flutuar; encher os pulmões de nitrogênio e acompanhar o vôo dos balões. É preciso também acocorar-se ao lado dos irmãos que foram agrilhoados à crueldade da vida.

É preciso aprender a levar-se a sério. Mas não tão a sério que fique impertinente, malas sem alça. Tem hora que é bom viver sem propósito, ao sabor dos ventos. Cantar no coral das cigarras, enquanto formigas seguem em fila, sem saber porque obedecem à rainha. Vez por outra é bom considerar Deus um “cara muito legal”, compreensivo e longânimo, que não mete medo, mas nos faz sentir íntimos.

É preciso aprender a acordar tarde; a comer chocolate até enjoar; a comprar perfume caríssimo para dar de presente a alguém especial; a sentar para almoçar sem hora para acabar; a desligar o telefone celular; a conversar um monte de besteira só para rir à solta; a conversar com doido; a ler romance.

É preciso aprender a falar da morte, mas não ser mórbido; a acompanhar esportes, sem ficar muito deprimido com derrotas; a aplaudir trapezistas, equilibristas, contorcionistas, mágicos; a nunca confundir solidariedade com comiseração; a não esconder a inveja debaixo do lençol da discordância; a cantar no banheiro.

Soli Deo Gloria



Ontem passei um dia celebrando o ordinário que é filho do sagrado.
Experimentei a delicadeza dos contatos humanos como se fossem um prato servido á francesa e percebi que quando há trocas eu vejo com mais clareza onde estou na caminhada. Na verdade há muito que precisa ser reparado, a incoerência entre o discurso e a prática precisa me incomodar mais, quem sabe tirar meu sono, meu ar.
Fiquei horas olhando meu filho brincando de fazer "arte" e depois de muito tempo recebi um presente tão oportuno, que é a companhia de gente amiga, maravilhosos seres humanos conhecedores do Mestre e servos do meu Senhor.
Me vi andando pelo texto de Eclesiastes 3: 1 -8. Refiz meu compromisso com a vida e quero todos os dias terminar a lida dizendo que valeu viver mas um dia.
Poder acarinhar a vida como se ela fosse um bebê é algo que revigora e que nos transporta ao sagrado.
Hoje vi o texto do Ricardo Gondim na Leny*, e resolvi não escrever mais nada além destas poucas palavras.

*http://lenybrito.blogspot.com

6 comentários:

Anônimo disse...

Adriana: Este dois são fantásticos. É de gente boa de Deus assim que o mundo necessita e que nos dá prazer de estar vivos.

Regina Farias disse...

Engraçado é que eu tenho um texto engavetado e inacabado que diz do paradoxo desses dois extremos saudáveis e necessários na nossa vida para se manter o equilíbrio e a leveza.

Tal reflexão transportada para as letras eu fiz quando começaram a cobrar veladamente o fato de eu já ter passado do ponto pra fazer minhas macaquices, dizer minhas abobrinhas, dar minhas sonoras risadas e puxões ácidos de orelha, e inclusive cantar bem alto no banheiro rss entre outras coisas (a lista é grande), daí comecei a pensar que lei esquisita seria essa e até que idade é permitido rss

Ah, e gosto muito dessa fase atual do RG :)

Beijos,

R.

Eduardo Medeiros disse...

Considerar Deus um "cara legal" deveria ser a regra, não exceção, pois dixaria os cristãos mais relaxados, sem medo do inferno.

E eu tenho uma boa solução para não se ter problemas entre o discurso e a prática: Deixe de discursar...

beijos

Rô Moreira disse...

É preciso viver!
Este texto falou comigo. paz!

João Carlos disse...

Grande Ric!

Consegue expressar os sentimentos da maioria, sem se preocupar com o que pensarão alguns.

É nóis né?

Luciano Zamboni disse...

Muito bom, muitos pensam em Deus como alguém mau, que está somente disposto a castigar, e nuca fazem amizade com Ele, por medo.
Podemos ser amigos de Deus e esse deve ser nosso ideal.

* Adriana, bom dia! Já estou seguindo seu blog, agradeço pelo seu comentário, e por estar me seguindo, seja sempre bem vinda.

Graça e Paz!

 

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