O raciocinio corporativo da igreja-instituição

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009


Hoje tenho uma relação mais sadia com a igreja-instituição. O que me liga a ela é algo de outra dimensão, não mais a necessidade de ser aceita no clube "dos amados por Deus" ou no clube dos "eu conheço o Todo poderoso pra caramba". Não me fixo a nenhum padrão que estabeleça Deus como ídolo, lugares sagrados não fazem nenhum sentido. Ele tabernaculou!!! Tenho respirado o ar mais que puro, pois tenho encontrado Cristo fora do portão e do padrão.
Comento com meu marido que estou em processo de desintoxicação, porque outrora este tipo de relação me foi necessária, neste muitos anos de cativeiro de pedra. Sim , eu precisei dos grilhões!
Existe um pai-nosso bem peculiar nesta instituição que, mais parece um kinder ovo, por fora é um simples ovo mas por dentro, quanta surpresa.
Se vestir a carater é essencial mas ter carater é dispensável neste jogo de cartas marcadas. Como são respeitáveis os paletós e gravatas!! Estes adquiridos na exploração da generosidade.
Os beneficiados dos tais "presentes divinos" parecem viciados e quase sempre criam situações mantenedoras desta compreensão de que, há seres mais queridos por Deus e portanto vamos honrá-los.
Eu entendo que muitos precisam demais deste esquema para se sentirem "alguém". Se valem de seu carisma, poder de persuasão, manifestam as identificações com a personalidade mana, processo descritos por Jung.
Em algum momento quero falar bem mais a respeito.
Em que outro lugar tal pessoa teria destaque, senão fosse neste cabide de empregos na empresa dos "cegos guiando cegos"? Não, apenas neste ambiente, muitos tem o espaço que sempre sonharam.
Eu achava complicado questionar os exploradores porque muitas vezes eles se consideram gente de uma classe especial que deve receber favores dos outros "porque Deus quer assim".
O ungido pode fazer quase tudo, e ai daquele que tocar nele e blábláblá.
A mentira é o meio pelo qual se chega aos fins, sem constrangimento, pois se faz necessário a sobrevivencia do esquema que leva o nome de Deus e que alimenta bocas com o pão do abuso psicológico.
O "pão nosso" é o salário do corporativismo.
Uma igreja não fecha porque o homem decidiu que não vai fechar, mesmo que Deus não seja, verdadeiramente, invocado nestas quatro paredes.
Sou estudiosa das deformidades da personalidade e o sentimento de onipotência que o negocio da fé acaba gerando na cabeça do homem simples e ordinário é algo fascinante. Estive debaixo da "cobertura" de gente muito deformada, que poderiam viver suas deformidades mas jamais deveriam impô-las.
Não há ninguém que diga: o "rei está nu!", pois tudo é bem alinhavado dentro da perspectiva da aprovação divina. Afinal, você topa questionar o Altíssimo? Se você é levado a crer que Ele é um menino tirano que precisa ser acalmado feito um deus pagão, claro que você não fará nada a respeito.
Dessa forma, nos tornamos peças da engrenagem, corporativistas passivos, ligados ao ambiente da institucionalidade, por fé, que na maioria da vezes é sincera.
Romper não é fácil , mas é possível.
Viver é preciso.Viver é decisão.
Só há um no qual há vida, e não é pouco não, é abundante.

Estou propensa a escrever mais sobre esta análise (auto análise, quem sabe), espero que você tenha paciência.



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